Os pedidos de Natal

  • Por Flávia Cunha
  • 21 nov., 2019

 Numa época em que o mundo ao redor das crianças se enche de cor, brilho e anúncios fantásticos de brinquedos que aparentam ser incríveis, surgem os pedidos… Por vezes a lista interminável dos pedidos… E depois vem a segunda parte, ainda que se tornem todos realidade isso traria a tão desejada felicidade? A felicidade que tanto desejamos ver espelhada nos seus rostos e que muitas vezes não aparece, ou aparece apenas por frações de segundo. E se o que aparece é insatisfação atrás de insatisfação? Como se nada lhes fosse suficiente… Devemos então entendê-la como um sinal… Um sinal de que emocionalmente existe uma carência que precisa de ser compreendida. E que só poderá ser atenuada indo à origem do problema… Por vezes esta situação acontece mesmo fora da época natalícia… Numa ida ao supermercado pedem tudo e mais alguma coisa, sem conseguirem ouvir um não e resistir a essa frustração de forma adequada. Choram e gritam e pedem e voltam a pedir como se a vida dependesse disso. Na verdade, quando cedemos e acabamos por dar o que pedem, têm uma satisfação imediata. Que se vem a mostrar muito breve, para logo de seguida voltarem aos pedidos repetidos e insistentes. Isto torna-se então um ciclo desesperante para pais e filhos, sem nunca se conseguir chegar à tão desejada tranquilidade e felicidade.

Devemos então estar atentos aos sinais que os nossos filhos nos vão dando, olhá-los e tentar perceber na sua história e dinâmica familiar qual poderá ser a carência. Pedir uma avaliação psicológica, se necessário. Mas evitar entrar e principalmente manter este ciclo tão frustrante para ambos. Devemos pensar que só podemos viver a alegria do sim se houver também um não e que os presentes possam ser mais de relação e momentos em família, de partilha e de atividades prazerosas para todos. Que o convívio e o amor da família seja o que lhes acalma a angústia e lhes traz prazer. A felicidade de viver e conviver em família e com as particularidades de cada uma, pois todas as famílias têm tradições e gostos diferentes e portanto o importante é focarmo-nos em como nos sentimos bem em família sem a tendência de seguir aquilo que é esperado. Viver da forma que nos faz sentido e que consideramos que é o que condiz com a nossa realidade.